segunda-feira, 24 de março de 2014

Memorial da Pediatria Brasileira + Bica da Rainha + Largo do Boticário

Olá!


Saindo do Museu de Arte Naïf, segui rumo ao Memorial da Pediatria Brasileira. No caminho, passei pelo trem do Corcovado e, no Cosme Velho, pela igreja de São Judas Tadeu - padroeiro do meu time, o Flamengo. Ainda passei pela bica da rainha, que fica localizado pertinho do Memorial e tem uma história muito interessante: o nome vem da época em que Carlota Joaquina, mulher do príncipe regente D. João VI, ia com frequência lá, pois sofria de problemas de pele e acreditava que as fontes medicinais a ajudariam. Além disto, ela levava consigo Dona Maria, a louca, mãe de D. João VI, acreditando que as águas dali também ajudariam a curar a insanidade de sua sogra. Por esse motivo, a fonte recebeu este nome por ter sido destinada aos visitantes da realeza. Outra curiosidade: a expressão “Maria vai com as outras” seria uma alusão ao fato que de que a rainha e sua nora iam à bica acompanhadas por damas da corte e escravas, portanto o termo era usado para criticar aquelas que não sabiam se governar e precisavam imitar as outras. Além disto, é contado que D. Maria praticava várias loucuras na fonte, escandalizando a corte e atraindo muitos curiosos.



Chegando ao Memorial, toquei o interfone e subi a escadaria, onde a museóloga Tatiana, minha xará, me recebeu e pediu que eu assinasse o livro de presença. Assinei e logo depois ela abriu a porta da casa, dando início à visita, e se dispôs a tirar qualquer dúvida que eu tivesse. Pude perceber, pelo livro de presença, que muitos estudantes de medicina vão lá fazer pesquisas.


O museu tem algumas coisas bem interessantes sobre as quais eu possuía alguma noção, mas muito superficial. Logo na entrada, me deparei com o juramento dos médicos e o busto de Hipócrates, além de expor diferentes formas de criação das crianças nos séculos passados. Achei curioso descobrir que as crianças brancas eram as menos saudáveis, devido ao desmame precoce, diferente das mães negras, e que as mães indígenas tinham especial atenção na gravidez, deixando de consumir certos alimentos, trabalhando menos e se abstendo de certos serviços, tudo para benefício de seu bebê.


No segundo ambiente, é apresentada a história da medicina no Brasil, mas com foco na pediatria. Apresenta alguns projetos da SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria, com o apoio da Nestlè. Fala também dos lançamentos das vacinas e antibióticos, e das novas abordagens da perinatologia e da neonatologia. Em seguida, é possível entender como surgiram as Santas Casas em nosso país, muito por conta da ligação entre a medicina e a religião. A partir disto trazem a tona e explicam como surgiram as rodas dos expostos, que eu já conhecia por histórias da minha avó, mas não sabia bem como tinha surgido e lá entendi melhor que era por meio da roda onde frades e freiras recebiam alimentos, cartas e remédios de doação do mundo exterior e que aos poucos por orientação dos governantes passaram a ser usadas para receber crianças abandonadas.


Nos outros ambientes, pude ver instrumentos usados antigamente por pediatras, além de uma representação de um consultório pediátrico no século passado. Lá podemos ver aparelhos de anestesia, cadeiras para operação de amígdalas, aparelho para banho ultravioleta, eletrocardiógrafo e muitos outros itens. Há, ainda, menção à vida do médico itinerante, apresentando sua indumentária.


Na última sala, são apresentadas as campanhas da SBP contra a diarréia por infecção intestinal, a campanha do soro caseiro, campanha da amamentação, campanha a favor do pré-natal e campanha Nacional de Prevenção de Acidentes e Violência na Infância. O que achei legal nesta parte é que você vai notando a sociedade mudar, e os focos também vão mudando – o que muitas vezes acontece bem rápido. E por fim, o último ambiente é focado nos médicos que já estiveram à frente da SBP.


O memorial é legal, principalmente para os futuros médicos - mesmo aqueles que não serão pediatras - pois acho que conta bastante a história da medicina em nosso país e desconheço outro local que faça isso. Como não é permitido tirar fotos dentro do museu, conversei com a museóloga, que me pediu para enviar um e-mail para ela ver internamente se poderia me mandar fotos –infelizmente, ela disse que não foi possível. De qualquer forma, para ter uma idéia basta acessar o site deles, que lá mostra algumas fotos internas do museu. O memorial possui biblioteca para quem precisar fazer pesquisas, o que achei bem apropriado. Ademais, a museóloga me informou que existe um grupo de teatro e coral para crianças da comunidade, realizado toda segunda e quarta no clube hebraica de forma gratuita, sendo aberto à qualquer criança que saiba ler e tenha até 12 anos.


E, por fim, antes de voltar pra casa, ainda dei um pulo no Largo do Boticário, que tinha vontade de conhecer - pena que é tão triste ver sua decadência. Espero que a revitalização realmente comece logo ali, pois é um espaço que merece mais cuidados, principalmente devido à sua história. Se quiser saber mais sobre o Largo, pode ver aqui.



Beijins e bom passeio,
Tati.


Ficha Cadastral:
Local:  Memorial da Pediatria Brasileira 
Data da Visita: 11/02/2014
Endereço: Rua Cosme Velho, 381 - Cosme Velho. 
Telefone: (21) 2245-3110/2257-2543
Como chegar: Usando o metrô, desça na Estação Largo do Machado e pegue a integração expressa para o Cosme Velho - desembarque no penúltimo ponto (não esqueça de comprar o bilhete que inclui ambos na bilheteria senão você acabará pagando mais do que o necessário); ou qualquer ônibus que passe pela Rua Cosme Velho – existem muitas opções, para descobrir clique aqui.
Horário de Funcionamento: de segunda à sexta, de 9h às 16h, e fechados aos sábados, domingos e feriados.
Visita Guiada: Sim, a Tatiana me informou que quando é grupo grande ela pode ser guia, mas que não costuma ser necessário, pois a pessoa pode ler o que está sendo exibido e ela tira dúvidas quando necessário.
Preço da Entrada: É gratuito.
Banheiros/bebedouros: possui banheiro limpo e água filtrada dentro do memorial.
Café/Restaurante/Loja de Conveniência: não possui nenhum destes.
Acessibilidade: possui total acessibilidade, quem estiver de cadeira de rodas pode subir a rampa de carro, pois há estacionamento dentro da casa, basta avisar que está indo.
Áudio guia: não possui, mas existem folders em inglês e espanhol.
Guarda-volumes e Espaço para carrinho de bebê: não possui guarda-volumes, você pode entrar com tudo.
Duração recomendada para a visita: Eu fiquei lá em torno de uma hora.
Estacionamento: apenas para pessoas com dificuldade de acessibilidade, pois é pequeno, assim a Tatiana me indicou a Casa do Minho. Esse é um restaurante típico português, famoso na região, que fica na Rua Cosme Velho, 60, e que só abre para o jantar durante a semana - no final de semana, apenas para almoços: terça à sexta de 18h à 1h, e sábados e domingos, de 12h às 17h.
Máquina fotográfica: só pode fotografar externamente a casa, o museu não pode ser fotografado.
Ar condicionado: possui, e na medida certa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário